quarta-feira, 6 de maio de 2009

Estudo mostra que mulheres que mantêm ovários vivem mais.

Todo ano, centenas de milhares de mulheres que se submetem à histerectomia removem também seus ovários além de seu útero, uma prática para protegê-las do câncer de ovário. Mas um novo estudo descobriu que mulheres que mantêm seus ovários vivem mais.
Apesar de mulheres com ovários removidos terem tido menos câncer de mama e terem praticamente eliminado qualquer risco de câncer de ovário nos 24 anos de acompanhamento, elas ficaram mais propícias a desenvolver doenças cardíacas do que aquelas que mantiveram os ovários, e seu risco de morrer também aumentou.
As novas descobertas - de uma análise de dados do famoso Estudo da Saúde de Enfermeiras, publicado na edição de maio do periódico especializado Obstetrics and Gynecology - levantam questões sobre uma prática disseminada. Cerca de 300 mil americanas por ano, quase metade das que passam por histerectomia, removem seus ovários.
"Essa descoberta contraria 35 anos de ensino de ginecologia¿, disse o principal autor do estudo, doutor William H. Parker, do Instituto do Câncer John Wayne, em Santa Monica, Califórnia.
"Nos anos 1970, foi determinado que a remoção dos ovários seria uma nova estratégia para prevenir o câncer de ovário", disse. "Esse estudo mostra que você tem mais chances de morrer se retira seu ovário, a menos que esteja no grupo de mulheres com um histórico familiar que a coloca em um risco elevado para os cânceres de ovário e mama."
Embora o câncer de ovário seja de difícil detecção e geralmente fatal, ele também é raro, explica Parker, observando que apenas 34 das participantes do estudo que mantiveram seus ovários morreram do câncer durante o período de acompanhamento. "Doenças do coração matam 20 vezes mais mulheres todos os anos", disse.
O estudo analisou os dados de 29.380 mulheres que participaram do Estudo da Saúde de Enfermeiras, de Harvard: 16.345 passaram por histerectomia com remoção de ambos os ovários e 13.035 que passaram pela cirurgia, mas mantiveram seus ovários.
Após um acompanhamento de 24 anos, mulheres do primeiro grupo registraram 895 casos de câncer de mama - um risco 25% menor do que mulheres que mantiveram os ovários - e um risco 96% menor de câncer de ovário (apenas cinco casos). Mas elas tiveram 12% mais chance de morrer durante o período estudado. Seu risco de doenças do coração foi 17% maior do que o risco enfrentado por mulheres com ovários. Elas também tiveram uma chance 17% maior de morrer de câncer. E, em uma descoberta inesperada, ficaram sob maior risco de câncer de pulmão.
Os riscos de doença cardíaca e morte aparentemente são maiores em mulheres que tiveram seu útero e ovários removidos antes dos 50 anos e que não tomavam estrógeno, em comparação às mulheres que passaram por uma histerectomia antes dos 50, mas mantiveram seus ovários.
O estudo pode contribuir para o debate em torno do estrógeno e o papel que este desempenha nas doenças cardíacas em mulheres. Parker e outros especialistas sugerem que mulheres que não removem seus ovários vivem mais porque, embora produzam menos estrógeno durante a menopausa, os ovários fabricam androstenediona e testosterona, que são transformadas em estrógeno pela gordura e pelos músculos.
O doutor Isaac Schiff, chefe de obstetrícia e ginecologia do Hospital Geral de Massachusetts e professor da Escola de Medicina de Harvard, disse que o estudo não quer dizer que mulheres que passam por histerectomia nunca devem remover seus ovários.
"Uma mulher com um forte histórico familiar de câncer de ovário ou mama ainda deve ter a opção de remover seus ovários", disse Schiff, que não esteve envolvido no estudo. "A paciente individual deve ser informada e decidir o que é melhor para si."
Mas isso é uma mudança em relação ao passado, disse: "Costumávamos dizer arbitrariamente que, se a mulher tem mais de 45 anos, deve remover seus ovários".

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