domingo, 17 de maio de 2009

Direto no fígado

23/03/2007 - 20:34 | Edição nº 462

CANCÊR

O câncer de fígado costuma ser uma doença silenciosa. A pessoa convive um longo tempo com ele sem desconfiar de nada. Até que surge uma série de desconfortos abdominais: dor num dia, inchaço em outro, mal-estar na semana inteira. Quando o paciente recebe o diagnóstico, muitas vezes o tumor já cresceu demais. E tumores hepáticos muito grandes não podem ser extraídos por cirurgia. O destino de muitos dos portadores acaba sendo a fila de transplantes. No Brasil, onde a espera por um fígado pode chegar a três anos, a notícia quase sempre soa como uma sentença de morte.

O que oferecer a essas pessoas que não dispõem de grandes opções? Vários centros de tratamento de câncer fora do Brasil estão adotando um método engenhoso: a radioembolização intra-arterial. Milhões de microcápsulas de vidro com material radioativo são colocadas no tumor com o objetivo de destruí-lo (veja a ilustração abaixo). Mais finas que grãos de areia, as microcápsulas não se quebram. Mas atrapalham o fluxo sanguíneo que alimenta o câncer. E, ao mesmo tempo, emitem radiação durante duas semanas na tentativa de matar o tumor.

A técnica é apenasum paliativo. Mas melhora a qualidadede vida de quem não pode ser operado

As vantagens: o método dispensa internação e a sessão dura menos de uma hora. A técnica é uma esperança para os pacientes que não podem ser tratados com a simples extração do tumor. "A radioembolização foi desenvolvida para ser um tratamento apenas paliativo do câncer de fígado", disse a ÉPOCA o radiologista guatemalteco Ricardo Paz-Fumagalli, da Clínica Mayo, na Flórida, um dos centros que utilizam a técnica no exterior. "Mas em algumas situações, como um tumor bem pequeno, a técnica pode ser adotada com a intenção de curar a doença." Os efeitos colaterais costumam ser suportáveis (febre, náuseas, diarréia) e bem mais leves que os provocados por outros tipos de tratamentos intra-arteriais para câncer de fígado. O principal deles é a quimioembolização. Um cateter leva quimioterápicos até o tumor. Nesses casos, o paciente fica exposto aos efeitos da quimioterapia clássica (queda de cabelo, fraqueza, perda de apetite etc.).

As desvantagens: como toda novidade, o preço do tratamento é inacessível à maioria dos pacientes. As microcápsulas são fabricadas por apenas duas empresas: SIRtex e MDS Nordion. Cada aplicação (em geral, são necessárias duas) custa cerca de US$ 14 mil. A radioembolização também não é 100% segura. Se as microcápsulas não forem depositadas corretamente no fígado, podem danificar outros órgãos do trato gastrintestinal e os pulmões. Isso pode acontecer se os vasos sanguíneos do fígado não estiverem em bom estado.

Mesmo assim, a técnica é um avanço notável. "Colocar o material radioativo diretamente no fígado é uma inovação e uma boa contribuição para melhorar a qualidade de vida do paciente", afirma André L. Montagnini, diretor do Departamento de Cirurgia Abdominal do Hospital do Câncer, em São Paulo. "Mas se sobrarem 3% de células malignas vivas o câncer volta a crescer." Por enquanto, o tratamento com as microcápsulas não está disponível no Brasil. A prevenção será sempre o melhor remédio. A principal causa de câncer de fígado é a cirrose hepática - provocada principalmente pelo alcoolismo e pelo vírus da hepatite C.






COMO FUNCIONA O TRATAMENTO
Microcápsulas de vidro levam radiação para atacar tumores de fígado


1 - Um cateter é colocado na artéria femoral na altura da virilha. Ele segue até a artéria hepática, um dos dois vasos que irrigam o fígado
2- Navegando por ela, o cateter atinge os pequenos vasinhos que alimentam o tumor. Minúsculas esferas radioativas são depositadas no tumor
3 - Essas esferas liberam radiação diretamente sobre as células malignas. O objetivo é destruí-las



Grupo:Luiz Pedro,Daniel Hideki,Marcel e Gustavo Souza

Fonte:http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG76760-6014,00-DIRETO+NO+FIGADO.html

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