Terapia genética protege e reverte os efeitos debilitantes da doença de Parkinson
Pesquisadores do centro Médico Ruysh-Presbyterian-St.Luke, em Chicago, e de Lausanne, na Suíça, utilizaram, com sucesso, a terapia genética para reverter as mudanças celulares anatômicas que ocorrem em cérebros de primatas com a doença de Parkinson. Também foi possível prevenir a progressão da doença e reverter os problemas funcionais sintomas da doença associados em macacos que apresentavam sinais da mesma.
A pesquisa foi publicada na edição de hoje da revista Science.
Foi utilizado um vírus especial (lenti-GDNF, ou seja, do fator neurotrófico derivado das células gliais), desenvolvido pelos colaboradores suíços, para levar o gene diretamente às células cerebrais dos macacos.
O GDNF é um nutriente que fortalece e protege as células cerebrais que, normalmente, morreriam devido à doença. Também aumenta a produção da dopamina, neurotransmissor químico, que envia sinais no cérebro, capacitando as pessoas a se moverem lenta e normalmente. A perda da dopamina no cérebro causa os sintomas da doença de Parkinson.
"O sistema de entrega de vetor lentiviral foi efetivo ao levar o GDNF aos locais específicos, onde era necessário resgatar as células e aumentar a produção da dopamina", diz Jeffrey H. Kordower, Ph.D., autor principal do estudo, professor de Neurociências.
Dois grupos de macacos foram utilizados nesta pesquisa. O primeiro grupo foi estudado para determinar como o sistema de entrega lentivirus afetava a anatomia das células cerebrais envelhecidas. O segundo grupo foi estudado para determinar se o tratamento surtia algum efeito sobre o comportamento ou os problemas funcionais associados à doença.
O primeiro grupo envolveu 8 macacos, com cerca de 25 anos de idade, cujos cérebros apresentavam variações celulares específicas associadas ao início da doença. Neste estágio, as células cerebrais permanecem intactas mas interrompem, ou reduzem, a produção de dopamina. Receberam 6 injeções de lenti-GDNF no cérebro.
Antes do tratamento, os cérebros dos animais foram analisados por tomografia de emissão de pósitrons (PET). Após 3 meses de tratamento, os cérebros foram intensivamente analisados por PET, bem como por técnicas de biologia molecular, neuroquímicas e neuroanatômicas. Os resultados demonstraram um aumento dramático da produção de dopamina, similar aos níveis da substância encontrados em macacos mais jovens.
O segundo grupo envolveu 20 animais, sem qualquer sintoma da doença. Para avaliar as mudanças na função ou no comportamento durante o estudo, cada macaco foi treinado em um teste específico. Também, foram analisados pela escala de taxa clínica Parkinsoniana (CRS), uma avaliação observacional dos movimentos, análoga àquela utilizada por neurologistas para avaliar pacientes com a doença de Parkinson.
Os macacos receberam, então, a substância MPTP, que inicia um estado similar à doença tanto em macacos quanto em humanos. Após uma semana, foram novamente testados pelas duas formas, ambas denotando sinais da doença. Os animais receberam, então, o lenti-GDNF. Como resultado, o desempenho no teste específico melhorou muito, quase atingindo padrões normais. Também houve melhoras no teste CRS.
Os macacos do segundo grupo também sofreram a varredura por PET. Os resultados indicaram que o tratamento preveniu por completo a degeneração do sistema de dopamina: as células e fibras cerebrais haviam sido preservadas e foram produzidos maior quantidade de dopamina.
Um terceiro grupo de macacos normais recebeu o lenti-GDNF, sendo abatidos após 8 meses. Níveis elevados de GDNF foram encontrados nestes animais, o que indica a expressão gênica a longo prazo.
terça-feira, 18 de novembro de 2008
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