Cientistas descobrem "elixir da juventude" em gene
O elixir da juventude pode estar escondido em um gene pouco conhecido que não apenas promove a longevidade, mas melhora a qualidade de vida, segundo um estudo inédito publicado nesta quarta-feira. A descoberta ocorreu após uma série de experiências feitas com minhocas.
Uma equipe de cientistas do Instituto Salk, de San Diego, na Califórnia, identificou pela primeira vez um gene, conhecido como PHA-4, que desempenha um papel crítico no prolongamento da vida, sem recorrer aos caminhos neurais reguladores de insulina que também controlam o processo de envelhecimento.
Outros biólogos moleculares chamaram o estudo de "revolucionário", afirmando que irá mudar as agendas de pesquisas no novo, porém, florescente campo da genética da longevidade. Mas também alertaram que duplicar os resultados em humanos é muito mais complicado.
Só na última década os cientistas compreenderam que os genes sozinhos podem afetar significativamente o envelhecimento, antes visto como um incontrolável processo de decadência. "Há duas formas principais de se prolongar a vida", explicou o biólogo Hugo Aguilaniu, um dos co-autores do estudo, durante entrevista.
Uma possibilidade é reduzir a sensibilidade à insulina ao nível celular. "Isto já é bem conhecido. Como resultado, ratos geneticamente modificados foram criados para viver duas vezes mais", afirmou. Mas há efeitos colaterais indesejáveis, tais como a atrofia do crescimento e a disfunção reprodutiva.
A outra forma é a restrição da dieta. "Se você dá a um animal 70% do que ele ingere normalmente, ele viverá 20% a 30% mais", disse Aguilaniu. Em um ser humano, isto representa mais 15 a 20 anos de vida. Uma dieta controlada, no entanto, não é o mesmo que estar à beira da inanição e deve consistir de uma combinação balanceada de nutrientes para ser eficaz.
A relação entre comer menos e viver mais é conhecida há décadas. "Mas não tínhamos idéia de qual era o agente molecular deste processo", afirmou. No estudo, conduzido por Andrew Dillin e publicado na revista científica britânica Nature, minhocas do tipo C. elegans foram alimentadas com uma bactéria guarnecida com material genético que, seletivamente, desligou o gene PHA-4.
Como se esperava, as minhocas não desfrutaram de uma vida mais longa quando colocadas em uma dieta restritiva. Mas, embora esta primeira experiência tenha demonstrado o papel determinante do gene na longevidade vinculada ao controle alimentar, ela não provou que o PHA-4 foi a causa direta de uma vida mais longa, então, outro teste foi realizado.
Ao tornar este gene mais ativo do que o normal, "os animais viveram mais, até 20% ou 30%", mesmo comendo normalmente, disse Aguilaniu. A inclusão de uma dieta restritiva aumentou ainda mais a longevidade das cobaias. Os cientistas conduziram uma série separada de experiências para se certificar de que o PHA-4 agiu de forma independente de qualquer via sinalizadora de insulina.
"O que é mais interessante é que os animais em dieta controlada são mais dinâmicos. Nós gostamos de falar não só de expectativa de vida, mas de 'expansão da vida saudável', ou seja, ser mais saudável por um prazo mais longo", disse Aguilaniu. Com apenas 1 mm, a C. elegans é freqüentemente usada em laboratório porque é fácil para os cientistas interromper as funções de seus quase 20 mil genes para determinar o que fazem. Muitos deles, inclusive o PHA-4, têm similares nos humanos.
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
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