Certas doenças neurológicas, como o autismo ou os transtornos obsessivos compulsivos, podem ter sua origem em fatores que não são apenas hereditários, de acordo com um estudo publicado na revista especializada americana Neuron.
O estudo, realizado por pesquisadores da Universidade de Nova York e da Baylor College of Medicine, baseia-se na análise de uma proteína chamada FKBP12, presente nos seres humanos e nos ratos. Os cientistas eliminaram a proteína dos ratos de laboratório, privando-os do elemento que regula a atividade de uma enzima que influi na união entre os neurônios, que desempenham, por sua vez, papel-chave no aprendizado e no processo de memorização.
A enzima, chamada de mTOR, também influi na capacidade de resposta dos indivíduos às mudanças em seu meio. Uma vez que a proteína tenha sido suprimida, os pesquisadores constataram um aumento das taxas de mTOR e, paralelamente, alterações nas trocas dos neurônios, em particular na zona do cérebro utilizada para a memória.
Os resultados mostraram uma diminuição da capacidade dos ratos para analisar e responder a situações inéditas. Quando fechados em um labirinto, por exemplo, os ratos tinham tendência a repetir o trajeto que já haviam feito em um exercício prévio. Esse tipo de comportamento é observado, com freqüência, nos indivíduos que sofrem de autismo, ou de outras desordens neurológicas.
"Nossos resultados sugerem que a FKBP12 regula os neurônios que estão relacionados a doenças neurológicas como o autismo, os transtornos obsessivos compulsivos e a esquizofrenia", explicou o responsável pelo estudo, Eric Klann, acrescentando que essas conclusões "põem em xeque a idéia dos comportamentos predeterminados"
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