Responsável pela morte de milhões de pessoas durante séculos, a varíola se converteu num aliado para lutar contra a nova pandemia da humanidade: a Aids. Pesquisadores espanhóis empregam pela primeira vez o vírus da varíola para criar uma vacina contra o HIV.
O vírus da varíola, numa versão atenuada, foi usado como veículo transportador de quatro proteínas do HIV. O médico Juan Carlos López Bernaldo, supervisor do teste clínico no Hospital Gregório Marañón, de Madri, afirma que até agora "se empregavam proteínas sintéticas e outros tipos de vírus que não conseguiam estimular suficientemente o sistema imune".
Seu grupo, porém, evita falar que se trata de uma vacina que protege por completo da infecção. De acordo com López Bernaldo, "em pesquisas anteriores já se pôde ver que a ideia de criar uma vacina totalmente protetora não funciona".
"O que queremos conseguir agora é uma vacina que provoque uma resposta imunológica para que, no caso de infecção pelo HIV, o desenvolvimento da doença possa ser evitado."
A vacina foi primeiro testada em camundongos e macacos. Foi comprovado que era segura e que conseguia induzir respostas imunes contra o SIV, o vírus da imunodeficiência dos símios, "irmão" do vírus da Aids.
Ela agora está na chamada fase 1 dos testes em humanos. Já foi ministrada a 18 pessoas, e a meta dos pesquisadores é chegar a 30 voluntários neste mês.
O estudo durará um ano, e seu objetivo principal é avaliar se a vacina consegue estimular o sistema de defesa dos voluntários. Esta primeira fase também servirá para avaliar a segurança da nova imunização em humanos --algo de que os pesquisadores não duvidam, pois já existe uma longa experiência da vacinação contra a varíola, que usava o mesmo vírus.
Os primeiros a se oferecerem para testar a vacina foram principalmente pessoas jovens, com conhecimentos sobre o HIV, muitas delas com familiares ou amigos infectados.
López Bernaldo explicou à Folha que "as pessoas com parceiros com HIV não podem ser voluntárias nesta fase porque procuramos pessoas com baixo risco de infecção."
Os primeiros resultados deverão aparecer em maio de 2010. Se forem favoráveis, a pesquisa avançará até a fase 2, com centenas de pessoas. A duração desta fase é de no mínimo três anos. Os voluntários desta fase devem estar sob risco de infecção.
A vacina experimental, denominada MVA-B, foi desenvolvida por Mariano Esteban, pesquisador do Conselho Superior de Pesquisas Científicas (CSIC), órgão espanhol que tem a patente.
Postagem realizada pelo grupo: Pré Biólogos
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